Interação entre o CBD e os medicamentos: a ANSM faz o ponto da situação

A Agência Nacional Francesa para a Segurança dos Medicamentos e Produtos de Saúde(ANSM) alerta para as possíveis interações entre o CBD e certos tratamentos medicamentosos. Embora o canabidiol esteja a ser cada vez mais utilizado em França, nomeadamente pelos seus supostos efeitos no bem-estar, a sua combinação com medicamentos pode provocar efeitos adversos por vezes graves. Analisamos a situação.

CBD e medicamentos: interações de risco

Desde 2015, o canabidiol(CBD) está disponível ao balcão sob diversas formas: óleos, cápsulas, doces, chás de ervas, e-líquidos, etc. Apreciado pelas suas propriedades relaxantes e pela sua suposta ação contra o stress, a ansiedade e os distúrbios do sono, o CBD não é inofensivo.

A ANSM lança o alerta: certas substâncias activas dos medicamentos podem interagir com o CBD, alterando a sua eficácia ou amplificando os seus efeitos secundários.

As interações medicamentosas com o CBD podem ser variadas e dizem respeito a vários tipos de tratamento:

• Anticoagulantes: o CBD poderia retardar a sua eliminação, aumentando assim o risco de hemorragia.
• Imunossupressores: a sua eficácia poderia ser reduzida, comprometendo a sua ação terapêutica.
• Anti-epilépticos: o CBD pode influenciar o seu metabolismo, provocando convulsões mais frequentes.
• Antidepressivos e ansiolíticos: pode ocorrer um aumento dos efeitos secundários, como sonolência, tonturas ou perturbações do humor.

O consumo de CBD está a aumentar em França

O consumo de CBD aumentou consideravelmente nos últimos anos. De acordo com a Santé publique France, em 2022 :

• 16,4% dos adultos disseram ter usado CBD pelo menos uma vez na vida.
• 10% dos adultos usaram CBD durante o ano.
• Entre os jovens de 18-34 anos, 27,6% já tinham experimentado CBD e 17,5% tinham-no usado no ano passado.

Estes números reflectem uma tendência crescente, sobretudo entre os jovens, que preferem frequentemente inalar o CBD (fumar ou vaporizar). Em contrapartida, os consumidores mais velhos preferem geralmente tomar o CBD por via oral (óleos, infusões, cápsulas).

É de notar que 1 em cada 10 consumidores afirma ter tomado CBD pela primeira vez quando ainda era menor de idade.

Casos de efeitos secundários registados

Os centros franceses de controlo de venenos registaram 58 casos deinterações medicamentosas com o CBD entre 2017 e 2023. Além disso, entre 2021 e 2022, quatro casos graves foram notificados aos centros de farmacovigilância, embora este número esteja provavelmente subestimado, de acordo com a ANSM.

Quando tomado junto com certos tratamentos, o CBD pode causar :

• Fadiga excessiva e sonolência ;
• Tonturas e problemas de equilíbrio;
• Náuseas e vómitos;
• Perturbações do humor;
• Ataques epilépticos (em doentes epilépticos).

Tendo em conta estes riscos, a ANSM recomenda que os pacientes em tratamento médico consultem o seu médico antes de incorporarem o CBD na sua rotina.

CBD e tratamento médico: melhores práticas

Se está a tomar medicamentos e deseja consumir CBD, eis alguns conselhos a seguir para limitar os riscos:

• Fale com o seu médico: ele poderá aconselhá-lo e ajustar o seu tratamento, se necessário.
• Vigie o seu estado: se surgirem efeitos secundários, pare imediatamente de tomar CBD e consulte um profissional de saúde.
• Evitar a auto-medicação: o CBD não é um medicamento e não deve ser utilizado como substituto de um tratamento médico.
• Escolha um CBD de qualidade: opte por produtos que tenham sido analisados e testados em laboratório para garantir a sua pureza e composição.

Conclusão: o CBD não é assim tão inofensivo

Embora o CBD seja muitas vezes visto como uma alternativa natural para melhorar o bem-estar, em alguns casos pode interagir com tratamentos medicinais e causar efeitos secundários indesejáveis. O alerta da ANSM recorda-nos a importância de consultar sempre um profissional de saúde antes de combinar CBD e medicamentos.

Veja também :

• Efeitos secundários do CBD
• CBD: efeitos benéficos e efeitos secundários