THC-X: definição, efeitos e perigo
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Há vários meses que se debate nas instituições europeias uma proposta simples mas estratégica: aumentar de 0,3% para 0,5% o limite máximo de THC autorizado no cânhamo industrial. A iniciativa, apresentada por vários deputados europeus, tem por objetivo harmonizar a legislação na União Europeia e proporcionar uma segurança jurídica duradoura aos agricultores, aos produtores de CBD e aos fabricantes de cânhamo.
Mas o que significa realmente esta alteração do limiar? Que impacto terá? E porque é que está a acontecer agora? Nós explicamos tudo.
O THC (tetrahidrocanabinol) é um dos muitos canabinóides presentes na canábis. É a principal molécula psicoactiva da cannabis de lazer.
O cânhamo industrial, por outro lado, é uma variedade de canábis cultivada pelas suas fibras, sementes ou CBD - e com um teor muito baixo de THC.
Para ser considerado "cânhamo industrial" a nível europeu, uma planta deve conter menos de 0,3% de THC. Este limite não constitui diretamente uma proibição, mas condiciona o acesso a determinados benefícios, nomeadamente os subsídios agrícolas europeus no âmbito da PAC (Política Agrícola Comum).
É bom saber: abaixo de 0,3%, os produtores podem receber subsídios. Acima desse valor, perdem esse direito e podem mesmo incorrer em infração à legislação nacional.
Há vários anos que o limite de 0,3% de THC para o cânhamo industrial tem sido objeto de debate. Considerado demasiado baixo por muitos profissionais do sector, este limite já não reflecte a realidade no terreno nem os avanços científicos. É neste contexto que ressurge a ideia de um limite de 0,5%.
O teor de THC numa planta não depende apenas da variedade semeada. É também influenciado por :
Consequentemente, um campo pode facilmente exceder o limite autorizado sem qualquer intervenção humana maliciosa. A fixação de um limite de 0,3% cria uma incerteza constante para os agricultores, com o risco de destruição de culturas inteiras ou de exclusão do benefício das ajudas da PAC.
O aumento do limiar para 0,5% permitiria ter mais em conta as variações naturais da planta, mantendo-se, no entanto, muito abaixo de um nível psicoativo.
O CBD (canabidiol), conhecido pelas suas propriedades calmantes e anti-inflamatórias, é frequentemente extraído das flores de cânhamo. Mas quanto mais rica é a planta em CBD, mais THC é naturalmente extraído. Isto levanta um paradoxo: ao procurar produzir mais CBD, flertamos involuntariamente com o limite autorizado.
Aumentar o limite para 0,5% facilitaria a extração de CBD, reduziria as perdas e melhoraria a rentabilidade do sector.
Até 1984, o cânhamo europeu podia conter até 0,5% de THC sem qualquer problema. Foi apenas nos anos 90, num contexto de luta contra a droga a nível mundial, que este limite foi reduzido para 0,3%. Mas esta redução nunca foi cientificamente justificada. Atualmente, a tendência está a inverter-se, com um regresso a uma abordagem mais racional e agrícola do cânhamo.
O debate sobre o limiar de THC não é teórico: é uma resposta a tensões reais em vários países, nomeadamente em Itália.
Em abril de 2025, o governo italiano publicou um decreto controverso que classificava as flores de cânhamo como estupefacientes, equiparando-as à cannabis ilegal. Esta decisão teve consequências imediatas:
De acordo com a principal organização agrícola italiana, Coldiretti, este decreto ameaça um mercado que vale cerca de 500 milhões de euros e representa mais de 3.000 explorações agrícolas.
Perante esta decisão, o mais alto tribunal administrativo italiano reiterou um princípio fundamental do direito económico: a proibição abrupta de uma atividade agrícola reconhecida viola a liberdade de empresa.
Este caso ilustra bem o problema: sem regras europeias claras e harmonizadas, cada país pode interpretar a regulamentação como entender, criando instabilidade, insegurança jurídica e desinteresse dos investidores.
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Atualmente, na Europa, o quadro jurídico que rege o cânhamo varia muito de um país para outro. Alguns países permitem um teor de THC mais flexível, enquanto outros aplicam restrições mais rigorosas, por vezes mesmo em contradição com a legislação europeia. Esta falta de unidade complica seriamente as coisas para os agricultores, fabricantes, distribuidores... e até para os consumidores.
Vejamos um exemplo concreto: um produto de CBD perfeitamente legal na Alemanha pode ser proibido de vender em Itália ou sujeito a condições mais rigorosas em França. Este tipo de discrepância cria incerteza, atrasa o investimento e impede o desenvolvimento de uma indústria coerente em toda a UE.
O que os profissionais do sector pedem é simples: regras claras e partilhadas que se apliquem a todos os países membros. Uma regulamentação europeia harmonizada, baseada num limiar de THC de 0,5%, estabilizaria o mercado, evitaria decisões arbitrárias a nível nacional e daria às empresas e aos produtores um quadro fiável e sustentável para trabalhar.
Além disso, enviaria um sinal forte da Europa: o de um apoio assertivo a uma indústria em expansão com promissores efeitos económicos e ecológicos.
A adoção de um limiar de 0,5% de THC seria mais do que um simples ajustamento regulamentar. Esta alteração teria um impacto concreto e positivo em toda a indústria do cânhamo e do CBD. Agricultores, transformadores, marcas e consumidores: todos têm a ganhar. Eis a razão.
Acima de tudo, um limiar mais flexível significa maior segurança para os agricultores. Os níveis de THC podem variar consoante o clima, o solo e a altura da colheita. Atualmente, estas variações naturais podem ser suficientes para tornar uma colheita "ilegal". Passar para 0,5% reduz este risco e permite aos agricultores trabalhar com maior tranquilidade, continuando a respeitar um quadro rigoroso.
O aumento do limite dariaacesso a variedades de cânhamo com melhordesempenho, com um melhor rácio CBD/THC. Isto significa uma extração mais eficiente, menos perdas e, por conseguinte, uma produção optimizada, tanto em termos de qualidade como de rentabilidade. Em última análise, isto significaria também produtos de CBD mais estáveis e concentrados para os consumidores.
Um quadro harmonizado simplificaria consideravelmente a comercialização. Deixaria de haver diferenças de um país para outro, de haver produtos bloqueados nas alfândegas ou rotulagem a adaptar a cada mercado. As empresas poderiam desenvolver as suas gamas com confiança, assegurar as suas cadeias de abastecimento e antecipar o seu crescimento à escala europeia.
Uma regulamentação unificada significa também maior clareza para os consumidores. Estes beneficiariam de produtos regulamentados, fiáveis e conformes com as mesmas normas de qualidade em toda a Europa. Esta transparência aumentaria a confiança no CBD e encorajaria um consumo mais informado e responsável.
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